Entrevista - André Leão: "Desejo dar o salto para outras Ligas"

O Cluj, equipa romena que integra uma dezena de jogadores portugueses nas suas fileiras, entrou a ganhar na liga local, batendo fora, esta quarta-feira, o Otelul, por 1-0. Um dos atletas lusos a representar este conjunto da Roménia é o médio André Leão. Aos 22 anos, o jovem português deixou o Beira-Mar e rumou ao estrangeiro com o objectivo de ascender na carreira.

Rola a Bola – Reforçou o contingente luso no Cluj. Porquê a opção de emigrar para o futebol romeno?
André Leão - Foi o projecto que mais me aliciou. Esta época, o Cluj quer lutar pelo título romeno, enquanto que, em Portugal, em princípio, ia disputar a II Liga, pelo Beira-mar, clube com o qual tinha mais dois anos de contrato. Logo, estas situações são completamente opostas, para além de financeiramente ser também muito vantajoso.
– O facto de ter muitos colegas portugueses na equipa também pesou na decisão?
- Sim, porque torna a adaptação muito mais fácil. Quando falei com alguns deles, disseram-me para vir que isto era bom e que o clube estava a progredir muito rápido.
– Encara esta passagem pelo Cluj com o objectivo de servir de trampolim para outros voos a curto prazo ou pensar ficar alguns anos nesse país?
- Com certeza que desejo dar o 'salto' para outras Ligas. Penso que todos os jogadores têm o objectivo de chegar o mais alto possível e de ganhar títulos, e eu não fujo à regra.
– Chegou à Roménia há cerca de um mês. O que conhecia do futebol romeno e, em particular, do seu novo emblema?
- Do futebol romeno, sempre ouvi falar em boas equipas como o Steaua, o Dínamo e o Rapid de Bucareste, principalmente estes, pois eram aqueles que mais se destacavam nas competições internacionais. Quanto ao clube que represento, apenas comecei a conhecer quando vieram os primeiros portugueses e sabia também que fizeram uma boa prestação na época transacta.
– Do que tem visto, o futebol romeno é muito diferente do português?
- Não muito. É verdade que tem um pouco menos qualidade, mas está a melhorar cada vez mais.
– Como tem corrido a adaptação a uma nova realidade social e desportiva?
- Tem corrido muito bem. Com a ajuda de quem cá está há mais tempo, tudo fica mais fácil.
– O clube tem correspondido às expectativas?
- Sim, por enquanto sim. Já tinha falado com alguns colegas e eles disseram-me o que isto era. Por isso, já estava à espera do que ia encontrar…

“TEMOS EQUIPA PARA CORRESPONDER ÀS EXIGÊNCIAS”

– Existem dez portugueses na equipa. Esse facto é bem aceite pelos romenos ou sente desconfiança de algumas pessoas (colegas, adeptos, etc…)?
- Quando existem muitos estrangeiros numa equipa, há sempre desconfiança de todos. No entanto, o bom trabalho realizado por quem chegou cá primeiro, fez com que essa mentalidade mudasse. Espero que isso continue, pois isso faz com que se abram portas a outros portugueses.
– Na última temporada, o Cluj obteve o terceiro lugar. Para a presente época, o presidente elevou a fasquia para o título. Será uma meta algo precoce ou a equipa está preparada para corresponder a tão elevada exigência?
- Penso que temos equipa para corresponder às exigências. Temos um plantel muito forte e equilibrado, agora é só esperar para ver se isso se confirma.
– Para além do objectivo interno, o Cluj vai também participar na Taça UEFA. Quais as ambições do conjunto na prova europeia?
- O objectivo é tentar entrar na fase de grupos. Isso já seria muito bom para nós e para o clube, mas ainda temos de ultrapassar duas eliminatórias… Sabemos que não vai ser fácil, mas vamos tentar atingir esse objectivo.

OS CLUBES...
FREAMUNDE: “Clube do Coração”
“A minha passagem pelo Freamunde foi fantástica, pois foi o clube que me deu todas as bases para a minha carreira e que fez de mim jogador. É, sem dúvida, o meu clube de coração.”

PORTO (equipa B): “Organização fantástica”
“No Porto B tive também uma experiência positiva, e que permitiu constatar o porquê de o clube ganhar tantos títulos nos últimos anos. Tem uma organização fantástica.”,

BEIRA-MAR: “Descida fez com que fosse menos positivo”
“Foi uma experiência em que a descida de divisão fez com que fosse uma menos positiva. Ao contrário do que constatei no Porto, em Aveiro não havia grande organização e penso que isso contribuiu muito para o nosso final.”

UMA AVENTURA NO TOTTENHAM
Há cerca de quatro anos, André Leão esteve em Londres com o pacense Antunes, na altura seu colega no Freamunde, a treinar no Tottenham. O médio português conta como foi a experiência em White Hart Lane: “Foi muito positivo. Fez-me ver outra realidade do futebol: não tão tecnicista, mas com muita velocidade e força. Não ficámos porque apenas fizemos três treinos, pois eles já estavam na última semana de trabalho antes das férias. Disseram-nos que ficaram com boa impressão nossa, mas que queriam que lá voltássemos na pré-temporada seguinte, o que não veio a suceder, pois, nessa altura, queríamos ter a nossa vida definida.”

Fotos: Hugo Santos