terça-feira, 31 de julho de 2007

Opinião: As modas... boas e más

As modas estão presentes em praticamente todas as actividades da vida. O futebol e o respectivo mercado de transferências não são excepção.
Convém, todavia, analisar este capítulo segundo dois planos: o interno (clubes nacionais) e o externo (emblemas estrangeiros).
Prefiro começar pela parte mais agradável, em meu entender. Neste caso, por estranho que vos possa parecer, refiro-me ao mercado estrangeiro. Há quem se queixe da qualidade da Liga Portuguesa - para algumas pessoas é crónico falar mal do que está próximo e valorizar o que está distante e não nos pertence -, no entanto, não deixa de ser relevante que quatro das mais caras transferências do defeso foram protagonizadas por jogadores provenientes do nosso campeonato: os brasileiros Anderson e Pepe (Porto) e os portugueses Nani (Sporting) e Simão (Benfica). Para além destes, muitos outros atletas nacionais rumaram além-fronteiras, casos, por exemplo, dos internacionais Ricardo e Ricardo Costa, entre muitos outros. Espanha, Itália, Inglaterra e Alemanha já eram destinos habituais para o jogador português, mas actualmente novas ligas têm apostado fortemente no atleta luso, como Chipre, Grécia, Roménia, Rússia e Bulgária. O futebolista português está na moda no mercado europeu, não espantando que grande parte das ligas do 'Velho Continente' integrem portugueses.
Porém, se o produto futebolístico nacional está na moda no exterior, internamemente o jogador luso é altamente menosprezado. Daí que muitos atletas de qualidade se vejam obrigados a emigrar face à escassez de oportunidades no País-natal. Em Portugal, os clubes dão primazia aos futebolistas estrangeiros, muitos deles de fraca valia e alguns até de qualidade nula. O mercado brasileiro, à semelhança do habitual, continua a ser moda para os emblemas portugueses. Há a salientar, no entanto, a crescente aposta dos 'grandes' em futebolistas argentinos ou provenientes desse mercado: Bolatti, Mariano Gonzalez, Farías (Porto), Bergessio, Cardozo, Di Maria e Diaz (Benfica).
A moda externa é, sem dúvida, uma boa moda. Reconhecem o valor que tem o jogador português, facto que não acontece aqui. Até face às dificuldades financeiras que assolam os clubes nacionais, estes deveriam olhar mais para a 'prata da casa', mas infelizmente isso não acontece... Recordam-se de Pauleta?

Fotos: Hugo Santos

1 comentário:

Bruno Pinto disse...

Pedro, estou de acordo que muitos portugueses poderiam e deveriam ter mais oportunidades face a estrangeiros de qualidade duvidosa que chegam aos contentores. É um dos problemas do nosso futebol apostar de forma insuficiente na matéria-prima nacional, sobretudo nos jovens acabados de chegar aos séniores. No entanto, não se pode generalizar. Os clubes de topo europeus apostam nos jogadores portugueses, mas apenas nos melhores, e esses saem por vontade deles e não por falta de aposta dos nossos clubes como é óbvio. Nesses é fácil de apostar! Depois há aqueles que vão para o Chipre, Roménia, etc, porque os clubes lá pagam quantias que aqui são incomportáveis para a maioria dos clubes mais pequenos e muitos desses jogadores não cabem nos clubes grandes. Muitas vezes, vão para essas paragens pouco habituais por vontade de ganharem mais e não por falta de aposta. Mas faz todo o sentido a opinião que expressaste, por mim adorava ver a liga com muito mais portugueses, pois qualidade não nos falta.
Por outro lado, em relação à qualidade do nosso campeonato, a minha opinião é que, independentemente da presença de grandes jogadores, é globalmente medíocre. Se analisarmos os jogos dos três grandes, é óbvio que há bons espectáculos, com assistências elevadas, etc. Porém, grande número de jogos entre equipas pequenas são paupérrimos, com assistências ridículas e, vendo a liga como um todo, tenho que reconhecer que é fraca, por muito que me custe admitir. Depois, a saída de jogadores como Anderson, Pepe, Simão, Nani (algo inevitável infelizmente), obviamente que só ajuda à queda de qualidade.
Claro que em grandes campeonatos também há uma infinidade de jogos fracos. Só que aí o público é muito maior, um factor decisivo para o nível de um campeonato, na minha opinião.

PS: considero a nossa liga globalmente fraca e não fácil de ganhar. São coisas diferentes.