sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Entrevista - Fajardo: “Este é o melhor momento da minha carreira”


Tem sido um dos jogadores mais em foco na temporada 2007/2008. Com quatro golos em cinco jornadas, o médio-ofensivo reparte a liderança da tabela de goleadores com o portista Lisandro e o maritimista Makukula. Recém-chegado a Guimarães, Fajardo fala da boa fase que está a viver e do seu novo clube.

Rola a Bola - Na última época apenas facturou por uma vez. Esta época, em cinco jornadas, tem já um registo de quatro remates certeiros. A que se deve esta súbita veia goleadora?
Fajardo - Penso que se deve muito ao trabalho desenvolvido por toda a equipa e não apenas por mim. Tenho tido a imensa felicidade de ser eu a finalizar as jogadas e a traduzir todo o trabalho da equipa em resultados práticos. Penso também que, em termos individuais, as coisas têm-me saído bem na altura de finalizar, um pouco também pela confiança que é transmitida por toda a gente no Vitória, em relação ao trabalho que tenho vindo a desenvolver.
- O facto de estar a marcar tantos golos tem sido uma surpresa para si?
- Estaria a mentir se dissesse que não tem sido surpresa. Nem nos meus melhores pensamentos estaria um cenário destes: quatro golos em cinco jornadas. Mas fico extremamente contente por estar a conseguir finalizar com tanta regularidade e por estar a ajudar a equipa a atingir os seus objectivos.
- Sente-se, neste momento, um terror para os guarda-redes?
- Não, longe disso. Sinto que uma das minhas características é o meu remate forte, mas longe de me considerar um terror para os guarda-redes. Provavelmente, eles próprios, estarão mais avisados e mais atentos aos meus remates, até porque têm sido certeiros, mas daí a ser um terror vai muito.
- Tem algum objectivo numérico estabelecido em termos de golos?
- Um dos objectivos a que me propus no início de época era tentar superar o meu número máximo de golos na I Liga, quatro, ao serviço da Naval na época 2005/06. Mas, além disso, não há nenhum objectivo numérico.
- Lutar pelo posto de ‘rei dos marcadores’ será, neste momento, uma realidade, um sonho ou uma utopia?
- Acredito que seja um sonho, porque nesta altura divido o topo da lista com grandes jogadores e grandes finalizadores. Visto que sou um médio-ofensivo e não um avançado, já é um orgulho fazer parte dessa lista. No entanto, o mais importante é continuar a dar o meu melhor, não a pensar nesse posto, mas, sim, para ajudar o mais possível o Vitória de Guimarães.
- Poderá dizer-se que este é o melhor momento da sua carreira?
- Sim, sem qualquer sombra de dúvidas que este é o melhor momento da minha carreira. Felizmente para mim já tive bons momentos, mas nunca anteriormente tinha passado por um início de época tão bom e com um aproveitamento de finalização tão elevado.
- Em Maio tinha dito numa outra entrevista ao Rola a Bola que sonhava representar a Selecção Nacional. Este bom momento que atravessa aumenta-lhe a esperança?
- O sonho comanda a vida. Representar a Selecção Nacional penso que é o expoente máximo para qualquer jogador e quando isso acontece é um sonho tornado realidade. Como é claro, não fujo à regra, mas tento não pensar muito nisso. Penso, sim, em ajudar cada vez mais o Vitória a crescer e ajudar o nosso grupo, que é fantástico, a atingir os objectivos.

“FOI MUITO BOM REENCONTRAR O 'MISTER' CAJUDA”

- Trabalhou com Manuel Cajuda na Naval. Foi bom reencontrá-lo em Guimarães?
Sim, foi muito bom. Foi bom por vários motivos, mas principalmente por ser um treinador com quem já tinha trabalhado. Já estava por dentro da sua forma de estar e da sua filosofia, o que tornou mais fácil a minha ambientação ao clube e a uma cidade diferente.
- Esse facto de poder estar sob o comando de um treinador que já conhecia pesou na decisão de assinar pelo Vitória?
- Claro que sim, por tudo o que disse anteriormente. Ser treinado pelo ‘mister’ Cajuda foi um dos grandes factores que me levou a aceitar o ‘desafio’ do Vitória, aliado ao facto de se tratar de um grande clube e de ter uma extensa e fervorosa massa associativa.
- A equipa regista um começo auspicioso na nova época. Qual o objectivo delineado pelo grupo para esta temporada?
- Sem qualquer tipo de hipocrisia, o objectivo delineado pelo grupo para esta temporada é o de pensar jogo a jogo. Não vamos pensar muito nos objectivos antecipadamente, mas, sim, pensar só neles numa fase final do Campeonato. Não nos podemos esquecer que o Vitória é uma equipa, quer queiramos quer não, que veio da II Liga e tem de dar passos firmes e sustentados. É isso que nós, grupo, temos vindo a fazer, tentando dar o melhor de nós em cada jogo, em prol do melhor resultado possível. É isso que se tem visto dentro de campo.
- O treinador tinha afirmado que tentar conquistar a Carlsberg Cup era um objectivo da equipa. Teme que a derrota frente ao Sporting possa marcar negativamente o conjunto?
- Não, não temo isso. Penso que o treinador delineou esse objectivo porque quer que um dos objectivos do Vitória seja o de entrar em todas as provas com o intuito de as vencer. Sabendo que isso pode não ser sempre possível, só pensando assim se pode tornar o Vitória num clube cada vez mais forte. Até acho que o grupo saiu mais forte após esta derrota, porque quem viu o jogo notou que enfrentámos o Sporting ‘olhos nos olhos’ e tentámos vencer. Isso não foi possível, mas os grupos fortes sobressaem sempre nos momentos mais difíceis e nós temos um grupo bastante forte.

“GOLO À NAVAL TEVE SENTIMENTO DIFERENTE”
Uma das vítimas do fulgor de Fajardo na concretização foi a Naval, sua antiga equipa. “Vivi um sentimento diferente e difícil de explicar”, refere o jogador, a propósito do momento em que apontou um golo ao emblema que representou durante quatro anos. “Felizmente para mim fui muito feliz ao longo do tempo que passei naquela casa, à qual devo muito daquilo que sou hoje, não só às pessoas directamente envolvidas com o clube, mas também às pessoas da cidade que sempre me trataram de forma exemplar”, revela o futebolista, facto que ajuda um pouco a explicar a sensação vivida aquando do tento apontado na Figueira da Foz.

“VITÓRIA É UM CLUBE ESPECIAL”

Há três meses na ‘cidade-berço’, Fajardo está encantado com o seu novo emblema. “O Vitória é um clube muito especial. Muitas pessoas pensam que tudo o que se diz do clube é um mito, que não corresponde inteiramente à verdade e que é um pouco exagerado. Mas, depois de estarmos cá dentro, temos a verdadeira noção do tamanho do Vitória”, afirma o jogador.
“O clube tem umas condições de trabalho fabulosas, com uma organização fantástica e nota-se que todas as pessoas que estão envolvidas na ‘máquina’ do Vitória dão sempre o seu melhor dia após dia para o clube ser cada vez melhor”, enaltece Fajardo, que deixa ainda rasgados elogios aos adeptos. “Não há palavras que exprimam realmente o que eles são e o que eles fazem pelo clube. É uma massa adepta apaixonante. Acompanha e apoia a sua equipa do primeiro ao último minuto por todos os cantos do País. Nós agradecemos todo esse apoio, porque as nossas vitórias, em parte, também se devem aos adeptos”, finaliza.

Foto de jogo: Hugo Santos
Restantes fotos: cedidas pelo jogador

6 comentários:

Anónimo disse...

O Fajardo sonha com a selecção e até merecia ir. Jogasse ele num dos 3 e iria quase de certeza... Está a fazer um campeonato espectacular!

Anónimo disse...

Campeonato sensacional este que tem vindo a fazer. Concordo plenamente com o primeiro comentário e esta coisa de se ter que jogar num clube de nome para ambicionar uma ida à Selecção por muito rídiculo que pareça, em Portugal ainda é uma realidade. Força para o Fajardo que terá somente a dificuldade de manter com regularidade o nível das exibições efectuadas.

Golo de Letra disse...

O Fajardo está imparável, fantástico inicio de campeonato. Esperemos que consiga manter o nivel exibicional, e os seus colegas também porque o Vitória pode fazer um bom trabalho e quem sabe chegar à europa.
AS

Bruno Pinto disse...

O Fajardo é, até ao momento, o melhor jogador da liga. Grande jogador, grande médio, que defende e ataca com a mesma eficácia, como se quer no futebol moderno. Caberia à vontade no plantel de um grande, aliás é bem melhor que muitos que lá estão.

Excelente entrevista Pedro, mais uma...

gdevesas disse...

Fajardo este ano está claramente a ser um dos melhores jogadores, embora muito do seu sucesso advém da sua nova equipa - Guimaraes.
Já tinha saudades do Guimaraes na SuperLiga, sinceramente.
Uma palavra para esta bela entrevista, com conteudos bem interessantes do Rola a Bola.
Um abraço.
www.jogodearea.com

Anónimo disse...

Excelente entrevista a tua Pedro... Parabéns.
Realmente é triste de ver os nossos clubes minados com tantos estrangeiros em detrimento de excelentes jogadores nacionais...