terça-feira, 17 de junho de 2008

História: Portugal com saldo positivo ante os alemães nos Europeus

Data de há dois anos o último duelo entre lusos e germânicos. No jogo de atribuição do terceiro lugar do Mundial 2006, a Alemanha, formação anfitriã da prova, bateu a Selecção Nacional, por 3-1. No entanto, em jogos referentes a fases finais de Campeonatos da Europa a história é bem mais favorável as cores nacionais.

Aqui ficam os dois duelos lusos-germânicos em Europeus:

EURO'84 (FRANÇA) - 14 de Junho de 1984, em Estrasburgo

PORTUGAL - R.F.A., 0-0
Foi diante dos germânicos, no caso a República Federal da Alemanha (na altura o país estava dividido em República Federal e República Democrática), que Portugal fez a sua estreia em fases finais de Europeus.
Perante o vice-campeão mundial, os 'patrícios' obtiveram um empate saboroso no início de uma bela campanha no território gaulês. Num jogo de oportunidades repartidas, não se registaram golos.
A 'equipa das quinas', orientada por quatro treinadores (Toni, José Augusto, Fernando Cabrita e António Morais, alinhou da seguinte forma: Bento; João Pinto, António Lima Pereira, Eurico Gomes e Álvaro Magalhães; Jaime Pacheco, Carlos Manuel, Frasco (Veloso, 79'), António Sousa e Chalana; Jordão (Fernando Gomes, 85').
Por sua vez, os germânicos apresentavam nomes como Schumacher, Stielike, Brehme, Rummenigge, Voller e o jovem Matthaus.

EURO'2000 (BÉLGICA E HOLANDA) - 20 de Junho de 2000, em Roterdão (Hol.)
PORTUGAL - ALEMANHA, 3-0
Com a qualificação e o primeiro lugar do grupo assegurado, Humberto Coelho apresentou um conjunto recheado de suplentes - apenas Jorge Costa e Fernando Couto se mantiveram na equipa e até o terceiro guarda-redes, Quim, foi utilizado -, perante um adversário desesperado em alcançar uma vitória para transitar para os 'quartos-de-final'. Não obstante as poupanças, Portugal escreveu uma das mais belas páginas da sua história, ao golear por 3-0.
Este terá sido, aliás, o jogo mais marcante da carreira de Sérgio Conceição. O extremo luso fez um 'hat-trick' a Oliver Kahn.
A Selecção Nacional actou da seguinte forma: Pedro Espinha (Quim, 90'); Beto, Fernando Couto, Jorge Costa e Rui Jorge; Paulo Sousa (Vidigal, 72'), Costinha, Sérgio Conceição e Capucho; Sá Pinto e Pauleta (Nuno Gomes, 67').

Fotos: Hugo Santos

4 comentários:

Anónimo disse...

Não sei porquê, mas estou cá com um pressentimento de que a selecção vai ficar por aqui. Anda tudo distraido com o scolari e o deco a irem pro chelsea e os romances/dramas do ronaldo. E se o ultimo resultado for alguma indicação, o mais certo é voltarem pra casa mais cedo com o publico ao rubro porque lá fizeram mais uma estrondosa campanha europeia...

Mário Ventura disse...

Análise à Alemanha:
Defesa: Lehmann transmite segurança pelo ar e elasticidade suficiente entre os postes, mas pode falhar nas saídas da baliza e nos remates de meia distância. Lahm é soberbo, sem dúvida, e está um nível acima dos restantes companheiros de sector. Não compromete defensivamente e acrescenta profundidade ao ataque, a tempo inteiro. Aliás, em velocidade, é o principal desequilibrador da equipa. Começou na direita mas passou para a esquerda, relegando Jansen para o banco de suplentes. O jogador do B. Munique não justificou a aposta nas duas primeiras jornadas. Friedrich, frente à Áustria, esteve ligeiramente melhor, apesar de um erro comprometedor. A falta de rins de Metzelder e Mertesacker deve ser explorada.

Meio-campo: Fritz foi promovido a médio direito, para conferir estabilidade ao sector intermediário e cobrir as subidas de Lahm, nas duas primeiras jornadas. Olha, sobretudo, para trás e para o centro, denotando alguma falta de adaptação à posição, com prejuízo para a profundidade atacante por aquele flanco. Ao centro, Frings tem grande qualidade mas nem sempre está bem tem o apoio desejado. Sabe tratar bem a bola e tem um pontapé temível. Cuidado. Ballack também ocupa o miolo e está sempre à espera de um momento para brilhar. Tremenda mais-valia para a Alemanha. A disposição táctica e a marcação apertada condicionam o seu desempenho.

Ataque: Podolski surge neste sector por ter apontado três dos quatro golos da Alemanha na primeira fase (a bomba de Ballack frente à Áustria completa o registo), mas tem sido uma das opções mais criticáveis de Joachim Low. Ali, encostado ao flanco esquerdo naquele tipo de 4-4-2, acaba por ser contraproducente. Não compensa o lateral e apenas Lahm aguentou a bronca. Depois, com duas torres da área, não tem características naturais para conquistar a linha. Deriva invariavelmente para o centro, por onde andam Klose e, quando pode, Ballack. Gomez completa o ataque, mas não se movimenta, não tem alas para servir o seu jogo aéreo e já nem ele perceberá a insistência de Low. Ganha o prémio do maior falhanço do Euro2008.

Ponto forte: Bolas paradas! Torna-se redundante falar dos lances aéreos, mas os centímetros de Gomez impõem respeito. Depois, há Mertesacker, Metzelder, Klose, Podolski. Gente a mais para a baixa selecção portuguesa. Nos livres, basta recordar aquela espécie de aviso de Ballack, frente à Áustria. Ricardo à prova. Nos lances corridos, até ao momento, destacam-se apenas as corridas de Lahm e as deambulações de Podolski, fugindo do lateral para surgir na zona entre o trinco e os centrais adversários.

Ponto fraco: Sistema táctico. Low ainda não conquistou unanimidade e a forma como preparou a Alemanha para esta fase final do Europeu não contribui para a causa do treinador. Lahm precisa de outro lateral do mesmo nível, os centrais têm características semelhantes e, entre o meio-campo e o ataque, há muita coisa que parece bem no papel, mas origina tremendos choques no relvado. Esperam-se mudanças frente a Portugal. Schweinsteiger, um atípico alemão com criatividade pelos flancos, regressa após castigo e deve saltar para o onze. Podoski está em dúvida. Se não recuperar, a troca é directa. Caso esteja em condições, Gomez poderá ser finalmente sacrificado, para restaurar alguma consistência no 4-4-2 de Low, com Podolski a par de Klose na frente.

Anónimo disse...

Boas...

Quinta Feira é jogo "mata-mata" e penso que Portugal tem boas hipoteses de passar. É preciso no entanto ter muita atenção com a defesa, pois nao podemos facilitar. Agora são só finais até ao fim :)

Bruno Pinto disse...

Portugal actua normalmente em 4-3-3 e a Alemanha em 4-4-2 clássico. Não havendo razões para acreditar em mudanças, à partida, não se verificará um encaixe táctico, daí que a sagacidade dos treinadores possa assumir um papel fundamental. A distância entre Portugal realizar um bom jogo e passar por dificuldades, poderá estar numa simples opção central de Scolari: João Moutinho ou Fernando Meira? Se optar pelo médio do Sporting estará a dar uma prova de personalidade, mantendo o estilo de jogo e a identidade da própria equipa que comanda. Se, pelo contrário, escolher Meira, mostrará receio, alterando os princípios básicos da equipa, para se adaptar à turma alemã.

Oxalá esteja enganado, mas estou com a sensação que o brasileiro talvez escale um meio-campo composto por Meira, Petit e Deco. Se assim for, erro do tamanho do mundo. Scolari desvirtuaria a nossa equipa, para se moldar aos alemães, não estando disposto a correr quaisquer riscos, pelo menos na sua cabeça. Pois para mim, este é o grande risco de ficarmos pelo caminho. Uma opção destas significaria debilitar o meio-campo, perdendo capacidade de posse e de passe, seria uma escolha deliberada em actuar com o bloco mais baixo, deixando os homens da frente menos apoiados, forçando-os a acções individuais e potencialmente mais inconsequentes. Tudo para não ter de jogar lá atrás em igualdade numérica, com Pepe e Carvalho para Klose e Podolski. Neste caso, Meira encostar-se-ía mais aos centrais, ficando um a sobrar. O meio-campo ficaria entregue a Petit e Deco que teriam pela frente Frings e Ballack. As equipas ficariam então mais encaixadas, ganhando relevo os duelos individuais, as parelhas formadas nas diversas posições pelos jogadores de ambas as equipas.

Mantendo Moutinho como titular (mesmo podendo trocar simplesmente Petit por Meira, algo que até compreenderia), assumindo o risco de jogar em igualdade numérica no sector defensivo, a selecção poderia gozar de superioridade numérica no miolo, com Moutinho e Deco a assegurar supremacia nas trocas de bola e mantendo os homens da frente bem mais suportados. A ligação entre sectores seria, desta forma, bem maior. Não existindo o tal encaixe táctico, existiria a primazia das dinâmicas colectivas sobre os duelos individuais. Confiando na qualidade dos centrais lusos para jogar 2 para 2, o elemento a mais no centro do terreno poderia ser a chave do jogo, pois constituíria uma forma de Portugal poder actuar em posse, controlar o jogo, manter a bola no meio-campo adversário e jogar mais perto da baliza contrária. Claro que isto exigiria muita atenção na transição defensiva, uma vez que seria de prever que a Alemanha se 'especializasse' no contra-ataque.

Ou seja, torço veementemente para que Scolari não se acovarde, confie na qualidade dos jogadores que tem à disposição e mostre, sem reservas, que quer ser campeão europeu. O meio-campo só tem de ser Petit (ou Meira), Moutinho e Deco. Sem invenções. Neste caso, à superioridade numérica alemã na defesa, responderia Portugal com superioridade numérica no meio-campo, numa opção arrojada mas racional. O jogo português tem de se basear nos nossos pontos mais fortes. Se somos mais talentosos e melhores tecnicamente, o nosso jogo tem de cultivar a posse de bola e não o confronto físico. Isto não me parece possível com Meira e Petit ao mesmo tempo. Adicionalmente, se Simão (e não Ronaldo) se mantiver atento às subidas de Lahm, se Bosingwa conseguir secar Schweinsteiger, e se Petit cobrir a sua zona de forma correcta, não deixando Ballack lá penetrar, ora para rematar ora para assistir, podemos sonhar com as meias-finais. Portugal tem melhores jogadores e tem tudo para vencer a Alemanha. Veremos o que Scolari pensa disso...

Equipa provável da Alemanha (4-4-2 clássico): Lehmann; Friedrich, Mertesacker, Metzelder, Lahm; Fritz, Frings, Ballack, Schweinsteiger; Klose, Podolski.
Equipa de Portugal para ganhar à Alemanha (4-3-3): Ricardo; Bosingwa, Pepe, Ricardo Carvalho, Paulo Ferreira; Petit, João Moutinho, Deco; Simão, Nuno Gomes, Cristiano Ronaldo.