terça-feira, 20 de março de 2007

Entrevista - Rui Dolores: “Acredito na manutenção”


Depois de uma experiência de seis meses no futebol francês ao serviço do Lusitanos de Cretéil, o extremo-esquerdo regressou a Portugal com o objectivo de relançar a carreira. Apesar das dificuldades, Rui Dolores confia nas capacidades do Vitória de Setúbal e acredita impor-se no Bonfim.

Fotos de jogo (ao serviço do Paços de Ferreira): Miguel Ribeiro

Rola a Bola - Regressou a Portugal em Janeiro, depois de seis meses em França. Como foi a experiência no Lusitanos de Cretéil?

Rui Dolores – Foi boa. Embora não tenha conseguido adaptar-me muito bem, considero que foi boa.
- Essa dificuldade de adaptação não foi minimizada pelo facto de representar um clube com raízes portuguesas, e do qual faziam parte também alguns colegas compatriotas?
- Foi, nesse aspecto foi. Mas a dificuldade da língua e a mentalidade dos franceses foram o que me levou a vir embora. Ao contrário daquilo que muita gente pensa, não fui dispensado, pois fui eu que pedi para sair.
- Qual a diferença de mentalidade entre os portugueses e os franceses?
- Pessoalmente, penso que eles são um pouco racistas, mas na forma de trabalhar e organizar são muito diferentes, melhores numas coisas, piores noutras.
- Sentiu-se discriminado?
- Por vezes, sim.
- Também dentro da própria equipa?
- Sim, talvez por não saber falar francês e ser português.
- Em termos de futebol jogado, há muitas diferenças entre os dois países?
- Considero que tecnicamente somos muito melhores, mas a nível táctico penso que eles são melhores.
- Teve o azar de estar ausente por lesão algumas semanas na fase inicial. No entanto, passou a ser opção para o técnico Albert Rust. Com a chegada do português Artur Jorge deixou de fazer parte das escolhas habituais da equipa. Tem alguma explicação para este facto?
- Sinceramente, não. São coisas do futebol que por vezes nós, jogadores, não percebemos muito bem.
- O treinador nunca lhe deu alguma justificação?
- Não.
- Artur Jorge é um dos técnicos portugueses mais conceituados. Gostou de trabalhar com ele, apesar da opção dele não recair em si?
- Sim, não só eu como toda a equipa.
- Face à escassa utilização e à inadaptação que revelou sentir, a sua saída do Cretéil tornou-se natural. Teve mais propostas para além do Vitória de Setúbal?
- Sim, tive algumas para fora, mas optei por regressar a Portugal.
- Sentiu receio em optar por nova aventura no estrangeiro?
- Não. Até porque, apesar de tudo, gostei de estar em França.

"Adeptos devem apoiar"


- A delicada situação do clube sadino na tabela classificativa não o deixou hesitante?
- Não, porque afinal ainda faltava uma volta e conhecia muito bem esta equipa. Sabia que tinha valor para dar a volta a esta situação.
- A subida na tabela tarda em acontecer, apesar do reforço da equipa. Trata-se de um conjunto em crise?
- Em crise de resultados, sim. Mas como disse, vamos dar a volta por cima. Acredito, sem dúvida, na manutenção.
- São públicas algumas notícias de problemas no relacionamento da equipa com os adeptos e até mesmo entre os jogadores. Como está o balneário sadino a conviver com estas dificuldades?
- Estas coisas acontecem sempre quando os resultados não aparecem. No entanto, o grupo é forte e ultrapassa esses problemas com facilidade.
- O facto de terem existido agressões entre atletas [Amuneke e Labarthe] não abala essa força do grupo?
- De maneira alguma. Como disse, são coisas que acontecem em qualquer grupo de trabalho.
- A animosidade dos adeptos pode influir no facto de o Vitória de Setúbal não vencer em casa há seis meses?
- Talvez, até porque penso que jogamos muito melhor fora de portas. Com tanta pressão e ansiedade as coisas não estão a correr tão bem em casa.
- Considera então que deveria haver outro apoio à equipa no Bonfim?
- Sim, os adeptos devem apoiar e não deitar abaixo.
- Em termos individuais, voltou a Portugal para relançar a sua carreira. No entanto, também não tem sido utilizado com a frequência que, por certo, desejaria. Já sentiu arrependimento por ter ingressado no Vitória de Setúbal?
- Não. Ainda faltam muitos jogos e penso que no último já dei um ‘ar’ do Rui Dolores. É certo que estou triste por não ser opção com frequência, mas o futebol é mesmo assim.
- Qual o seu objectivo em termos de carreira?
- Pretendo relançar-me no futebol português.

Uma iniciativa de louvar
Rui Dolores foi um dos promotores de uma iniciativa digna de registo. O extremo sadino organizou, no ano passado, um jogo de futebol, em São João de Vêr, com jogadores da I e II Ligas, alguns treinadores e árbitros, cuja receita de 2500 euros reverteu para uma instituição de solidariedade, as Irmãs Passionistas, de Santa Maria da Feira. “Foi uma ideia minha e do meu melhor amigo Sérgio Oliveira, que jogou comigo muitos anos e agora está no Futsal do Académico da Feira. Soubemos que os miúdos precisavam de angariar fundos para uma carrinha e tentámos fazer algo para ajudar. A forma que vimos para ajudar era organizar um evento assim”, conta o jogador.

1 comentário:

Anónimo disse...

Olá amigo Pedro, tudo bem? parabens pela entrevista! Eu falei de seu blog para uns amigos e eles disseram que vão te adicionar.

Grande abraço!!