sexta-feira, 16 de março de 2007

Entrevista - Peçanha: “Espero chegar a um grande”



Chegou a Portugal na época transacta e é indiscutivelmente um dos melhores guarda-redes a actuar na Liga portuguesa. Defende as redes do Paços de Ferreira e mostra-se prudente ao falar do objectivo UEFA. Conheça aqui o ‘homem-elástico’ da Mata Real, que sonha com voos mais altos.

Fotos: Miguel Ribeiro


Rola a Bola - A posição de guarda-redes foi a que sempre quis desempenhar?

Peçanha - Não. Comecei no futebol de salão, jogando a ala-esquerdo. A minha ida para a baliza foi um acaso. O guarda-redes suplente lesionou-se no treino e no jogo o titular lesionou-se também, como não tínhamos outro e eu gostava de defender, fui para a baliza e nunca mais de lá saí.
- Como se deu a viragem dos ringues para os relvados?
- Joguei futebol de salão até os 12 anos. Depois, um observador da equipa de futebol do Flamengo chamou-me para fazer um teste no clube. Foi aí que entrei no futebol, ao serviço do Flamengo, onde estive entre 1992 e 2001.
- Depois do Flamengo como foi a sua carreira até chegar a Portugal?
- Passei por outros clubes brasileiros: Bangu, América, Novo Horizonte e São Raimundo.
- O que conhecia do futebol português?
- Só conhecia os três ‘grandes’, porque no Brasil não passam muitos jogos portugueses na televisão.
- Quais as principais diferenças entre o jogo no Brasil e em Portugal?
- No Brasil o jogo é mais técnico e mais cadenciado, enquanto que aqui é mais rápido e objectivo.
- Foi difícil adaptar-se a um novo País e a um novo futebol?
- Sim, foi. No início tive bastantes dificuldades, tanto pelo jogo ser mais rápido e com bastantes cruzamentos para a área, como também devido ao clima e à temperatura.
- É considerado como um dos melhores guarda-redes da Liga portuguesa. Certamente os seus objectivos não se cingem ao Paços de Ferreira…
- Sou profissional e, como tal, procuro chegar o mais longe possível. Conheço as minhas limitações, mas não conheço os meus limites. Por isso, espero chegar a uma equipa grande.
- Em Portugal ou na Europa?
- Nos dois.
- Tem alguma preferência por algum dos três ‘grandes’?
- Não.
- Face ao seu objectivo de dar o ‘salto’, renovar com o Paços de Ferreira está fora de questão?
- O meu contrato termina em 2008 e quero deixar andar as coisas devagar. Se eu tiver que sair um dia, que isso seja uma coisa normal e natural, sem que haja uma ‘forçada de barra’.

“É cedo para falar na UEFA”


- Acreditava se lhe dissessem, no começo da temporada, que a equipa estaria no quinto lugar, com os mesmos pontos do quarto, à 21.ª jornada?
- Talvez não acreditasse.
- Qual a receita para a boa campanha do Paços de Ferreira?
- Somos uma equipa que trabalha muito no dia-a-dia e nunca desistimos nos jogos, disputando-os até ao último minuto.
- A equipa pacense não perde em casa há 14 meses. A que se deve esse facto?
- Nós sempre acreditámos que tínhamos qualidade, mas que só isso não adiantaria. Conseguimos implantar em nós um sentido muito grande de garra e trabalho dentro de campo. Entramos sempre com o pensamento de ganhar todos os jogos em casa e jogamos para que isso aconteça.
- Sentem-se imbatíveis na Mata Real?
- Não. Sabemos que essa invencibilidade um dia vai acabar, mas espero que dure por bastante tempo!
- A equipa não treina à porta fechada e está sempre muito próxima dos associados. Isso tem algum peso nessa invencibilidade caseira?
- É importante. Os associados conhecem-nos muito bem e sabem quando realmente precisamos de apoio. Quando isso acontece, transmitem-nos muito força nos dias de jogo, o que é importante.
- Tendo a manutenção assegurada e ocupando um lugar europeu, o objectivo do Paços de Ferreira é agora marcar presença na Taça UEFA da próxima época?
- Penso que ainda é cedo para falar nesse objectivo. Preferimos ir caminhando devagar e se as coisas forem acontecendo são bem-vindas.
- O jogo com o Belenenses no próximo domingo reveste-se de particular importância, pois são duas equipas que estão nos lugares cimeiros da tabela. Como antevê este encontro?
- Acredito que vai ser muito difícil, pois os dois conjuntos precisam dos pontos. Talvez não seja um jogo muito bonito, pois deve ser bastante disputado.
- O Paços de Ferreira é favorito?
- Isso já não existe no futebol português. Os clubes estão praticamente todos no mesmo nível, tirando os três ‘grandes’.

Uma mensagem para Pedro

Um dos guarda-redes do Paços de Ferreira, Pedro, tem sido vítima de vários azares com lesões na presente temporada. Peçanha deixa-lhe aqui uma mensagem: “Espero que ele recupere o mais rápido possível, pois é uma excelente pessoa e sempre ‘respirou’ o Paços de Ferreira”.

1 comentário:

Anónimo disse...

Com certez o Peçanha é um grande goleiro. Foi uma pena ele não ter tido muitas oportunidades de jogar no gol do Flamengo, que na época era defendido pelo Julio Cesar ( hoje na Inter de Milão)

Em relação ao Paços de ferreira, creio que a equipe pode ir longe na copa da UEFA, já que os times de Portugal estão cada vez mais competitivos!

queria aproveitar a oportunidade de perguntar, como que anda a negociação do Benfica com o Marcelo Mattos do Corinthians?
Essa questão foi levantada pelo jornal "O jogo"ai de Portugal, mas não foi dado o devido destaque na imprensa brasileira. Grande abraço