Ao contrário do que muitos dizem e pensam, no nosso País não se gosta de futebol. São poucos os adeptos que gostam da modalidade em si, interessando-se somente pelos respectivos clubes de coração. Nesse sentido, e como abrangem uma elevadíssima percentagem de aficionados, em
Portugal concede-se demasiado espaço aos designados 'grandes' e esquecem-se, muitas vezes, os emblemas menos mediáticos, mas não menos dignos de atenção.

Hoje venho quebrar essa 'regra' instituída nos órgãos de Comunicação Social portugueses, falando do
Trofense, recém-promovido ao principal escalão do futebol nacional, no qual fará a sua estreia em 2008/2009. Fundado no ano de 1927, o clube da
Trofa apenas se estreou nas competições profissionais (
Liga Vitalis) há duas épocas. Contudo, essas duas temporadas foram suficientes para conquistar um título e, consequentemente, ascender à elite do futebol cá do burgo.
Estreante nestas andanças primodivisionárias, o
Trofense pode ser facilmente apontado pelos adeptos mais desatentos como um dos sérios candidatos à despromoção. No entanto, para quem tem verdadeiro interesse pelo futebol e está a par da realidade deste clube, a visão acerca deste debutante na
Liga Sagres pode ser diferente. Bastante diferente...
Esta colectividade desportiva sedeada na cidade da
Trofa criou uma base sólida (financeira, estrutural e desportivamente) que a poderá levar a 'dar cartas' ao mais alto nível. Esta 'obrigatória' organização exigida a este nível - mas que não está presente em todos os clubes -, aliada aos valiosos recursos humanos, tanto na equipa técnica como no plantel, fazem com que o
Trofense possa ser, em meu entender, uma das revelações da próxima edição da
Liga Sagres.
Toni - ou
António Conceição, como preferir - continua a ser o timoneiro da equipa. Penso que a permanência do obreiro da conquista do título da
Liga Vitalis foi deveras importante. Por um lado,
Toni conhece a realidade do clube e já detém experiência de
I Liga; por outro, não sendo dos mais famigerados treinadores nacionais, trata-se, na minha opinião, de um dos mais competentes jovens (45 anos) do nosso futebol. Os bons trabalhos que tem efectuado, sobretudo no
Estrela da Amadora (uma subida e uma manutenção com parcos recursos) e também no clube que agora orienta, atestam a qualidade deste técnico.
Em termos de plantel, o
Trofense, não obstante só agora ter chegado ao escalão máximo, apresenta um grupo de atletas capaz de fazer inveja a muitos emblemas de maior renome.
Paulo Lopes,
Delfim,
Ricardo Nascimento,
Pinheiro,
Rui Borges,
Areias e
Lipatin, entre outros, são jogadores com provas dadas na
I Liga. A necessária experiência está lá e não invalida a aposta em jovens talentosos e com 'escola' nos escalões de formação. Aliás, a mescla entre 'velhas raposas' e promessas de tenra idade é, para muitos, indispensável num plantel. E é assim que acontece no
Trofense.
David Caiado e
Tiago Pinto (ambos oriundos do
Sporting, o último por empréstimo) e
Hélder Barbosa (cedido pelo
Porto) são jovens futebolistas de valor em busca de um 'lugar ao sol' no panorama futebolístico nacional ou, quiçá, até mesmo internacional.
Se os nomes atrás mencionados exemplificam a qualidade do plantel, há que salientar que mercado ainda está em aberto e que o
Trofense ainda procura fazer mais contratações, por forma a fortalecer ainda mais o seu quadro de jogadores. Segundo me constou, dois potenciais reforços de peso podem estar a caminho da
Trofa:
Manu e
João Tomás.
Apenas no final da temporada poderemos verificar se a minha previsão relativamente à carreira desta equipa estará, ou não, correcta. Mas, para já - ainda que precocemente -, vejo o
Trofense na
I Liga novamente em 2009/2010. Apostamos?
Nota: Este texto foi publicado na minha crónica semanal, todas as segundas-feiras, no blog "fintaeremata.com".