segunda-feira, 26 de maio de 2008

Opinião: Treinadores do 'quase'...

Caros amigos, depois de alguns dias de ausência, cá estou de regresso ao Rola a Bola, agora de forma mais permanente. Escolhi como tema deste meu texto, um conceito que está muito em voga no futebol actual: os treinadores do 'quase', aqueles que ficam à beira da conquista de títulos, mas que nada vencem.
Vem este tema a propósito das recentes declarações de José Mourinho acerca da temporada do Chelsea. O clube londrino esteve perto de vencer Liga dos Campeões (perdeu na final no desempate por 'penalties'), Campeonato (ficou no segundo lugar a dois pontos do campeão) e Taça da Liga (perdeu na final com o Tottenham), mas não arrebatou qualquer troféu. O 'Special One' veio a público dizer que a temporada do emblema de Stamford Bridge foi má, contrariando o balanço positivo feito por Avram Grant, recentemente despedido, após oito meses ao comando dos 'blues'. Concordo em absoluto com José Mourinho. Depois de três épocas consecutivas com dois títulos conquistados, o Chelsea, não obstante andar perto dos triunfos, nada ganhou. Num clube habituado a somar títulos nos três anos do técnico português, e face ao valor do plantel, sem dúvida que 2007/2008 só pode mesmo ser classificada como uma época negativa. Muito negativa.
No entanto, ser um treinador do 'quase' não é necessariamente ser mau. Tudo depende, na minha óptica, do clube que um técnico representa e das condições que encontra. Em Portugal, muitos catalogam José Peseiro como um treinador do 'quase', não lhe reconhecendo qualidades. É certo que este treinador tem andado perto dos títulos e estes lhes têm fugido, mas há que reconhecer que Sporting e Panathinaikos não eram clubes estáveis e habituados a ganhar. Em pouco tempo, andaram perto. Nesse sentido, e em meu entender, José Peseiro tem sido um treinador do 'quase', é certo, mas tem feito bons trabalhos, aos quais tem faltado dar a sua continuidade.

Foto: Hugo Santos

2 comentários:

Nuno disse...

Muitas vezes, os fracassos devem-se à falta de estabilidade que os clubes proporcionam, quer aos treinadores, quer aos jogadores. Não é por acaso que, em Portugal, seja o FCP o clube com melhores resultados nos últimos tempos. Comparando com outros clubes da BWin Liga, o FCP é aquele que apresenta um plantel mais estável, permitindo, desta forma, que tanto jogadores como treinadores possam afinar, cada vez mais, pormenores que acabam por fazer a diferença. Enquanto isto acontece, as outras equipas ainda procuram encontrar-se e adaptar-se a um esquema de jogo que melhor se adeque a elas. Estão, portanto, em desvantagem.

O fracasso de uma época não tem que ditar o fracasso da próxima. Muito do trabalho que se faz numa época é totalmente perdido na época seguinte quando há uma grande mudança na equipa ou a troca de um treinador por outro, com métodos de trabalho completamente diferentes. Assim, cada época que se inicia significa começar do zero. Sucessivamente. É evidente, pelo menos para mim, que este aspecto é negativo e é necessário ter em linha de conta quando se pretende obter resultados. É necessário avaliar aquilo que foi feito e tentar perceber se uma mudança radical é benéfica ou não. Na maior parte das vezes, parece-me que não e as decisões são tomadas de forma irreflectida.

Um abraço,
Nuno.

Gerson Sicca disse...

falou tudo. Nem sempre ser treinador do "quase" indica que ele não tem condições de vencer. A instabilidade do clube(principalmente discussão de prêmios, renovações de contratos em épocas decisivas, etc) pode ser determinante para fracasso em finais.